Feira na Alemanha mostra dispositivo que ajudou tetraplégico brasileiro a pilotar um carro de Fórmula 1
A CUBE Tech Fair, feira de tecnologia e inovação em Berlim, na Alemanha, é um showcase das iniciativas mais inovadoras em diversas áreas.
Os números dão ideia da dimensão do evento: ele reúne 250 startups de cerca de 50 países e 105 palestrantes. Ao falar sobre neurotecnologia, Olivier Oullier, neurocientista e presidente da Emotiv, empresa líder global no setor, deu destaque ao feito de um brasileiro.
Rodrigo Hübner Mendes foi o primeiro tetraplégico do mundo a pilotar com a mente um carro de Fórmula 1 graças à tecnologia Emotiv Epoc +, um headset que usa eletroencefalografia para detectar padrões de atividade cerebral que correspondem a determinadas ações, permitindo à pessoa controlar dispositivos.
No ano passado, Rodrigo, superintendente do Instituto Rodrigo Mendes, que atua na inclusão de pessoas com deficiência na educação regular, pode definir com o pensamento a aceleração e as curvas para a esquerda e a direita, pois os sensores de seu capacete estavam ligados ao motor do veículo por meio de um software e um computador de bordo.
A evolução de novas tecnologias – estamos falando de inteligência artificial, internet das coisas, detecção de objetos, reconhecimento facial e outras – e a combinação delas apontam para uma revolução na área de tecnologia assistiva.
Um representante da StartOut Brasil, programa de apoio à inserção de startups brasileiras em ecossistemas de inovação, promovido pela Apex, o Sebrae e outros parceiros, levou seus produtos à CUBE Tech Fair.
Formado em Ciências da computação, Marcos Oliveira Antonio Penha, conhecido como Marcos OAP, 30 anos, iniciou a startup AWA (AnnuitWalk Accessibilities) após se envolver em projetos de iniciação científica sobre inteligência artificial e wearables.
Ele elegeu um tipo de deficiência para se aprofundar e durante um ano estudou as queixas e necessidades das pessoas cegas. Juntou-se a dois sócios: Washington Carvalho, CQO (Chief Quality Oficer), é cego e alavancou muitas das inovações por conta de suas opiniões e Eduardo Emeri, o CTO, formado em mecatrônica com especialização em IoT (Internet das coisas).
De 2013 para cá a equipe, sediada no Recife (PE), desenvolveu dois principais produtos, a bengala inteligente e o óculosEyeround, que possui sensores para detectar obstáculos, ler textos e descrever lugares.
Essa tecnologia wearable ainda é protótipo mas está disponível para compra no site da empresa via crowdfunding, e promete uma experiência de inclusão imersiva e completa.
O objetivo do time, que venceu em 2015 o Global World Youth Award, da ONU, é vender os produtos a um custo mais acessível do que o praticado pelos players tradicionais desse mercado (uma bengala ultrassônica custa um mínimo de R$ 140 reais, a da AWA, que tem sensores, emite vibração e som de forma personalizável, custa R$ 77,70). “Queremos causar um impacto social, mas isso não é abrir mão do lucro, a nossa margem chega a 300%,” conta o empreendedor.
As estratégias da AWA são conseguir investimento para entrar no mercado de forma mais rápida e escalável e fazer parceria com grandes corporações para a produção dos óculos, para seguirem com o foco na inteligência artificial.
A participação na CUBE Tech Fair despertou o interesse de uma importante empresa da área ótica da Alemanha, cujo nome é mantido em segredo por conta das negociações. “Somos críticos e ativistas e acreditamos que dar mais acesso à tecnologia assistiva é promover a inclusão.”
Fonte: Revista PEGN